quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Confira as dúvidas, preocupações e alegrias da chegada do primeiro filho

Casais contam quais foram as principais mudanças que ocorreram com o nascimento do primogênito

Quando o choro, na maternidade, anuncia a chegada do primeiro filho, o clima geral é de emoção e alegria. Visitas, sorrisos e a esperança de que o bebê tenha um futuro brilhante completam o quadro de felicidade trazido pela nova vida.

O momento, no entanto, pode reservar aos pais algumas angústias e dificuldades. Afinal, a chegada do primeiro filho representa uma grande mudança na rotina. É preciso sintonia para que a criação do bebê e as demais obrigações não tornem a relação complicada. Para alguns casais, é hora de reformular a estrutura do casamento. Para outros, é justamente o momento de decidir que a vida a dois vai começar.

— A chegada de um filho sempre vira a vida do casal ou da mãe de cabeça para baixo. O primeiro ano de vida implica mudanças muito rápidas e profundas — afirma a psicanalista Anna Mehoudar,uma das fundadoras do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp).

Anna explica que a chegada de um bebê pede paciência, generosidade e parceria, e que os pais, no início,precisam estar disponíveis.

Consciência de que não dá para ter controle sobre tudo
Cuidar de um bebê recém-chegado é lidar com o inesperado, ressalta a mestre em psicologia social Aline Melo de Aguiar. Não é possível controlar o horário em que a criança vai querer amamentar nem quando fará as necessidades fisiológicas, exemplifica a especialista.

O cansaço, nos primeiros meses, certamente virá. A psicóloga recomenda que os pais estejam conscientes de que não terão o controle sobre tudo e de que precisarão de ajuda.

Quando a musicista Danielle Dumont, 22 anos, descobriu que estava grávida de João Gabriel, um ano e sete meses, havia recebido, cerca de um mês antes, a notícia de que tinha sido aprovada para estudar música na Alemanha. A primeira mudança aconteceu logo no início da gestação: Danielle resolveu ficar no Brasil para cuidar de si e da criança:

— Foi um susto para mim e para minha família, eu tive de desistir de estudar fora.

Apesar do impedimento de seguir em busca de aperfeiçoamento profissional,a musicista faz questão de ressaltar, assim que começa a contar a sua história, que o filho foi um presente.

— Foi a coisa mais perfeita que aconteceu na minha vida — afirma.

Sete meses depois de ter o bebê, Danielle se casou com o então namorado, Rafael Aragão, 27 anos.O apoio dele foi fundamental, segundo a musicista, para que a gravidez corresse bem.

— Enquanto eu chorava de desespero, ele chorava de alegria. Ele esteve comigo do começo ao fim — diz, para logo, se corrigir — A nossa história ainda está longe de chegar ao fim.

Após o nascimento de João Gabriel, o dia a dia mudo totalmente. Acordar durante a noite para cuidar do filho ficou comum e a rotina de estudos musicais de Danielle teve de ser ajustada ao horários do bebê. Apesar disso,ela conta que não abandonou suas atividades:

— Mesmo durante a gravidez, mantive os estudos, minha vida profissional. Pouco depois do nascimento, eu já estava de volta.

Danielle acredita que existe uma visão geral deturpada sobre a gravidez não planejada. Para ela, o fato de a gestação não ter sido programada não quer dizer que o filho não será bem recebido:

— Meu filho não foi planejado, mas foi, desde a notícia, muito desejado.

Ajustes financeiros
O primeiro filho, em geral, envolve gastos financeiros maiores do que os seguintes. Com mais experiência, é provável que os pais tenham mais facilidade para administrar o quanto gastarão com a criança e até aproveitem parte da estrutura montada para o primogênito.

— É preciso criar um ambiente e isso envolve instalações físicas, por exemplo. Por outro lado, dificilmente o casal poderá dispensar o apoio de outras pessoas — afirma o economista e professor da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli.

— Poupar para o futuro da criança é sempre uma prova de amor e de responsabilidade — completa.

Há pouco mais de um mês, a estudante Jullieth Lima, 23 anos, teve a primeira filha. Para cuidar da pequena Ramona, ela e o marido, Marcus Vinicius Domingos, 26 anos, tiveram que economizar nos gastos.

— Desde antes de ela nascer, já tivemos muitas despesas.Então, foi necessário passar a poupar mais – conta Jullieth.

Os gastos maiores foram com a compra das primeiras roupas da menina e de toda a estrutura que precisou ser montada para ela. Quando Jullieth engravidou, fazia um ano que o casal tinha decidido que teria um filho.

— Não foi uma surpresa, nós já queríamos, foi um planejamento com muita tranquilidade. Não ficamos ansiosos, esperamos o momento — conta a estudante.

Durante a gravidez, Jullieth sofreu com cansaço e mudanças emocionais:

— Eu fiquei muito emotiva, qualquer coisa que acontecia eu chorava.

A chegada recente do primeiro filho já alterou a rotina da família. A dedicação à filha passou a ser a principal ocupação de Jullieth, o que exigiu para o casal uma adequação à nova realidade.

— Pelo trabalho que tenho com a minha filha, não tenho mais tanto tempo com o meu marido, mas ele sempre soube entender — afirma.

Casamento mais forte
No caso do comerciário Laílson Campos de Carvalho, 44 anos, e de Juscelina Nunes, 40, o nascimento de João Lucas, um ano e 10 meses, tornou ainda mais forte o casamento de 11 anos. A chegada do filho aproximou o casal e fez com que a relação entre os dois se tornasse mais harmônica.

— Com o filho, muitas coisas melhoram, você aprende a relevar alguns problemas em nome da criança. O comportamento muda depois que ele nasce, você fica, por exemplo, mais calmo — conta Laílson.

A rotina social da família também foi alterada, a maioria das saídas passaram a acontecer em ambientes frequentados por outras famílias com filhos. Para Laílson, a felicidade trazida por João Lucas foi a principal mudança para a vida do casal.

— Antes, éramos alegres, mas faltava alguma coisa. O nascimento trouxe a felicidade de fato, completou a nossa vida — diz.

— Na nossa cultura, de um modo geral, um filho é visto como algo que tem muito valor, portanto, o próprio filho é o aspecto positivo. Os pais terão alguém para amar — explica a psicóloga Aline Melo de Aguiar.

Para alguns casais, o nascimento do filho traz a sensação de completude e faz crer que, de fato, a família está constituída, com suas alegrias e dificuldades.

— O primeiro filho inaugura a maternidade e a paternidade. O casal torna-se uma família — completa a psicanalista Anna Mehoudar.

Poupe dinheiro

>> Segundo o economista Roberto Piscitelli, é preciso que os pais tenham em mente que o filho dependerá deles por cerca de 20 anos

>> Fazer economias, evitar gastos supérfluos e não comprometer o orçamento familiar são algumas ações que colaboram para que, financeiramente, seja mais fácil dar boas condições para o filho

Novos papéis
>> O nascimento do primeiro filho é também do casal como família.

>> Para a psicóloga Aline de Melo Aguiar, é preciso compreender que os papéis de pais e de marido e mulher não se confundem.

>> Por isso, é importante reservar alguns momentos apenas para o casal. Deixar o bebê, por exemplo, com os avós para ir ao cinema evita a sensação de que a relação afetiva ficou de lado após o nascimento

>> É preciso também aprender a confiar o cuidado do filho a terceiros, quando necessário.

>> Os pais precisam ter uma boa rede de apoio, tanto estrutural quanto emocional.

Fonte:CORREIO BRAZILIENSE/ DA PRESS
Postado por:Elisete Bohrer

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