sábado, 26 de abril de 2014

Telefone Celular vira extensão do corpo humano

Novas funcionalidades transformaram equipamento essencial a toda hora e lugar

Há tempos o celular deixou de ser um aparelho que apenas faz e recebe ligações. Com as novas funcionalidades que os aplicativos proporcionam, o equipamento eletrônico, guardadas as devidas proporções, já é considerado por muitos uma extensão do corpo humano, requisitado a qualquer momento, seja em casa, banheiro, trabalho, escola, táxi, ônibus ou shows. Com maior procura, os apps gratuitos, patrocinados por anunciantes, somam cerca de 31% de todos os baixados na Apple Store e na Google Play em 2013. Embora a maioria seja de jogos, como Candy Crush Saga, Subway Surfers, Fruit Ninja e Angry Birds, as ferramentas mais funcionais, como Whatsapp, rádios locais, Gmail, Facebook, Twitter, Snapchat, Dropbox, Easy Taxi e Google Translate, também se destacam.

Quem consegue deixar o celular e, por alguns instantes, olha para o lado percebe que possivelmente todas as outras pessoas estão com o aparelho em mãos, talvez utilizando algum serviço, quem sabe jogando. Dos poucos que não utilizam, salvo aqueles que conseguem se controlar ou não gostam, há os que esqueceram o equipamento em casa.

Uma das doenças do mundo moderno é a nomofobia, o desconforto de ficar sem um aparelho de comunicação móvel. “Essa síndrome, em que o paciente fica dependente do telefone ou da Internet, faz com que se eleve a ansiedade de forma que as pessoas não consigam imaginar sair à rua sem o telefone celular e, caso o esqueçam, voltem para buscá-lo. Há situações mais graves, em que esse problema afeta relacionamentos interpessoais, com distanciamento do mundo real e maior isolamento”, retrata a psicóloga Jéssica Garcia.

O coordenador do curso de Comunicação Social da Feevale, Cristiano Max, defende que os aplicativos devem ser avaliados como ferramenta facilitadora, pois acrescentam valor à instantaneidade, já que, através deles, é possível pagar contas, mandar mensagens e tantas outras possibilidades. Porém, alerta para o uso em excesso e sem limites.

Em entrevista por telefone, Max faz uma analogia com a suposta impessoalidade em que a adesão constante à Internet resulta. Ele revela que recém havia saído de uma lotérica onde pagara algumas contas e a atendente, imersa em vários afazeres, sequer olhou para ele. “São inúmeros os benefícios que a tecnologia traz, mas, quando deixamos de valorizar quem está ao nosso lado, pode ser um problema”, exemplifica o doutor em Comunicação Social.

Espaço de destaque no cotidiano
Ao trazer à tona, recentemente, o lado não tão belo do uso da tecnologia, o filme “Her”, do diretor Spike Jonze, provoca uma reflexão sobre o presente e o futuro dos relacionamentos. Presença constante na maior parte do dia, os gadgets ocupam espaço de destaque no cotidiano do brasileiro e dão o tom da película indicada ao Oscar em cinco categorias Melhor Roteiro Original, Canção Original, Trilha Sonora Original, Melhor Direção de Arte e Melhor Filme e que faz analogia entre as relações humanas e a dependência virtual dos aparelhos que, não raro, estão em postos de protagonistas, na frente da família, amores e amigos.

A ânsia, justificada pela necessidade de estar conectado, tem aumentado o uso desses equipamentos, segundo a pesquisa do Ibope Media. Das pessoas que compram smartphones, 58% declaram que consomem, principalmente, aplicativos e jogos. Há 41% que fazem compras coletivas e 32% que adquirem ingressos pelo celular. Mas o dado que mais chama a atenção revela que a primeira atividade que cerca de 33% fazem ao acordar é acessar o smartphone logo que acorda e 27% usam o aparelho até no banheiro.

Nesse contexto, o coordenador do Núcleo de Comunicação Digital da Unisinos, professor Helio Paz, considera que a Internet já faz parte do cotidiano, assim como a água e a energia elétrica. Tornou-se um serviço essencial. Ainda assim não é possível saber até que ponto pode evoluir e não há como verificar se existem ou não fronteiras para a utilização. Paz acrescenta que não é a Internet nem um suposto padrão de uso dessa tecnologia que aproxima ou afasta as pessoas, mas as escolhas interativas que cada indivíduo faz sobre como, quando, onde e sob quais circunstâncias irá privilegiar o contato presencial ou virtual. Ele explica que, para enfrentar a dependência dos aparelhos, pode-se substituir uma compulsão por outra menos prejudicial. “Algo que não atrapalhe a si próprio nem aos demais”, sugere.

Acompanhando velocidade dos dados
Daniela Mittelstadt, 27 anos, já perdeu as contas de quantos aplicativos instalou no smartphone e no tablet . Formada em Letras e moradora de Porto Alegre, ela dá aula de Português para estrangeiros e confessa a dependência pelo aparelho, já que resolve quase todos os problemas diários através do celular. “Praticamente não uso meu celular para receber ou fazer chamadas. Ele é principalmente uma fonte de informações, como “Vai chover? Por que está lento o trânsito? Já recebi meu pagamento? Como faço para chegar em tal parte da cidade? Quem ganhou o jogo? Quais compromissos tenho hoje? Saiu uma nova matéria da minha jornalista favorita?”, cita, ao tentar mensurar a importância do celular na própria vida.

Twitter, SoloWeather, Tango e Viber, Netfix, Gmaps, Gmail, dicionários bilíngues e Duolingo são alguns dos principais programas que Daniela tem no celular e no tablet, apesar de não desejar possuir a tecnologia mais avançada. “O Easytaxi é um dos aplicativos mais úteis. Nada melhor do que saber quem é o taxista que vai me buscar, por onde anda e quanto tempo vai demorar. Com o Runtastic, correr nunca mais foi a mesma coisa. Quantos quilômetros percorri, em quanto tempo, quanto falta, etc.”, argumenta Daniela, recordando que, com tantas formas de usar, a bateria não dura como no passado.

Embora seja beneficiada com a rapidez de informação, ela pondera os prejuízos que o mau uso pode trazer para quem decide ver somente o aspecto virtual. “Tenho tentado apagar o celular quando estou com amigos e/ou família”, observa.

Atrás da praticidade de aplicativos
Em busca de economia de tempo, a servidora pública Giuliana Galante, 37 anos, quase não desgruda do smartphone e do tablet. Entre os motivos, assim como para a maioria dos usuários, está a praticidade dos aplicativos. “Além do e-mail, uso whatsapp, envio SMS, mando fotos e, se estou com muito pressa e não posso digitar a mensagem, gravo áudio. Utilizo o Viber e faço ligações gratuitas; quando quero encontrar uma música ou artista, recorro ao Shazam”, revela a moradora de Porto Alegre, que dissemina as novidades tecnológicas para toda a família.

Entre os programas que Giuliana mais utiliza está o 99Táxis. Segundo ela, o aplicativo é rápido, seguro e o melhor, gratuito. “Ao solicitar o veículo, recebemos os dados pessoais do motorista, do carro e telefone para contato, entre outras informações”, comemora.

Mas Giuliana destaca que a vida ficou mais fácil, desde que essa facilidade seja produtiva e não resulte no sedentarismo. “De forma alguma podemos ficar isolados do contato social, até mesmo porque nada substitui um sorriso e um bom dia, nem mesmo as mais simpáticas carinhas personalizadas das redes sociais, os emotions”, cita.

Reservada, Giuliana explica que as redes sociais são utilizadas com parcimônia para preservar a privacidade e evitar problemas pessoais, como ter a rotina divulgada. “Não me agrada autoafirmação por meio de fotos de viagens, compra de carro novo ou imóvel. Hoje, amigos que não se encontram não reconhecem a voz um do outro”, considera a servidora.
Fonte: Wagner Machado / Correio do Povo 
Postado por:Elisete Bohrer
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