domingo, 8 de fevereiro de 2015

Rio Uruguai sofre com perda de encostas

Desmatamento da mata ciliar e enchentes agravam a situação
A fronteira do Brasil com a Argentina, marcada pelo rio Uruguai, um dos mais importantes da hidrografia do Sul brasileiro, está diferente. A cada ano, o manancial apresenta perda de encostas, vegetação e até ilhas, levadas pela força da água. Parte da população credita o cenário às barragens das hidrelétricas, que seriam responsáveis pela retenção e liberação do recurso hídrico, tornando instável o nível do rio. A medida faz com que o nível fique muito baixo e muito alto, na mesma semana, por exemplo. Os gestores das usinas dizem que é uma ação natural do curso do Uruguai e que as chuvas têm forte participação.
A coordenadora de Ciências Biológica da Universidade Regional Integrada (URI) em Santo Ângelo, Lorete Thomas Flores, diz que a instabilidade do nível das águas dos rios traz prejuízos imensuráveis para flora e fauna. “As barragens têm grande responsabilidade nesse cenário. E os canais que constroem para a piracema, por exemplo, não diminuem as consequências negativas para os rios.” Ela exemplifica com o Salto do Yucumã, no Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas. Lembra que em época de cheia, quando as barragens seguram a água da chuva e soltam de uma vez, o nível sobe e, ao voltar ao normal, muitos peixes ficam presos nas pedras e morrem.
Segundo a pesquisadora, o sobe e desce do rio causa também problemas no solo. O assoreamento leva terra para o leito, alterando a profundidade. Árvores nativas que são levadas pelas correntezas e ilhas desmoronadas trazem problemas à fauna. Com a perda da mata, são menos árvores para segurar o solo. Reduzindo a diversidade vegetal, animais de pequeno porte, como invertebrados, anfíbios e fungos, desaparecem. Ela destaca ainda a erosão como grande fator de perda do solo. Lorete afirma ainda que, quando se estuda os impactos das barragens, não há tempo para mensurar todos os danos em longo prazo.
O diretor de Produção da Tractebel Energia, responsável pela Usina Itá, José Carlos Cauduro Minuzzo, diz que os problemas na pesca e assoreamento são de origem natural para qualquer rio que sofra com enchentes e enxurradas após fortes chuvas. “As características da geomorfologia do leito e margens do rio Uruguai são típicas de áreas que recebem vazões significativas ao longo do ano, seja pela deposição de material e formação de ilhas, seja pelo carreamento do material depositado.” Minuzzo destaca que a elevação durante cheias é uma resposta natural, decorrente de chuvas na bacia, já que os reservatórios não são planejados para fazer a regularização para vazões de enchente. “Cabe desmitificar a relação com aberturas de comportas, pois essa ação é só para deixar passar a cheia natural do rio, sendo o controle feito pelas usinas para equilibrar a vazão que chega com a que sai do sistema de reservatórios.”
Segundo a Hidrelétrica Itá, a variação de geração das usinas é uma decisão tomada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico e visa atender à demanda do consumo da população. A Foz do Chapecó Energia informou que opera sua usina em total obediência às determinações do ONS.
Foto: Felipe Dorneles / Especial / CP
Fonte:Correio do Povo
Postado por:Elisete Bohrer
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