Novo levantamento da estatal para a safra 2024/25 aponta queda de 9,8% em relação à safra passada
O Rio Grande do Sul deve produzir 33,2 milhões de toneladas de grãos, conforme o 10º levantamento da safra 2024/25, divulgado na manhã desta quinta-feira (10) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa uma queda de 9,8% em relação à safra passada. Para a área plantada, a estimativa é de 10,38 milhões de hectares, uma redução de 0,4%.
Apesar do volume expressivo, o ciclo é marcado por contrastes. A estiagem, que afetou principalmente o desenvolvimento da soja, reduziu a produção gaúcha. No entanto, o mesmo clima seco favoreceu as lavouras de arroz irrigado e não prejudicou as lavouras de milho, implementadas mais cedo. Recentemente, as chuvas intensas afetaram a implantação das culturas de inverno e provocaram perdas localizadas, especialmente em áreas de trigo e canola. Mesmo com esse cenário adverso, o estado se mantém como o quarto maior produtor nacional, atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás.
“Mais uma vez, o clima impactou negativamente a produção gaúcha, especialmente a soja, apesar do esforço dos produtores na manutenção da produção. Para o arroz e milho, os efeitos climáticos foram menores e, aliados aos bons tratos culturais, a produção cresceu em relação à última safra. As atenções agora se voltam para as culturas de inverno, especialmente o trigo, que está sendo implementado e tem no Rio Grande do Sul a maior produção”, ressalta o presidente da Conab, Edegar Pretto.
Arroz e feijão
O arroz alcançou 8,3 milhões de toneladas (+15,9%), com área de 951,9 mil hectares (+5,7%) e produtividade satisfatória, apesar de oscilações térmicas durante o ciclo. As lavouras da safra 2024/25 já estão totalmente colhidas e não houve perdas na produção em decorrência das recentes chuvas e enchentes. “O sistema de reservatórios, somado ao calor, resultou em uma boa produtividade no arroz, chegando aos níveis de 2016/17, 2017/18 e 2020/21, quando o Rio Grande do Sul passou de 8 milhões de toneladas na produção do cereal”, destaca Pretto.
Com expectativa de área de 42,4 mil hectares, o feijão teve retração de 12,6% na área cultivada. Já na produção, a estimativa é de aumento de 2,5%, chegando a 73,5 mil toneladas. A primeira safra sofreu com a estiagem e o calor excessivo, enquanto a segunda safra, especialmente em áreas irrigadas, surpreendeu positivamente, com rendimento 61% superior à safra anterior.
Soja e milho
Principal cultura agrícola do estado, a soja também já teve a colheita finalizada. A oleaginosa teve aumento de área (+1,3%) em comparação à safra passada e alcançou 6,85 milhões de hectares. No entanto, a estiagem no verão reduziu drasticamente a produtividade, resultando em uma colheita de 14,28 milhões de toneladas — queda de 27,3% em relação ao ciclo anterior.
Já o milho da 1ª safra apresentou cenário oposto: mesmo com redução de 12,2% na área cultivada, a produção cresceu 12% devido à boa produtividade, totalizando 5,43 milhões de toneladas. A colheita foi prejudicada pelas chuvas em algumas regiões, afetando a qualidade dos grãos remanescentes no campo.
Culturas de inverno
O trigo, cultura mais representativa do inverno, teve nova redução de área (-10,2%) em relação à safra anterior, e deve render 3,81 milhões de toneladas (-2,6%). A semeadura avança lentamente, afetada por excesso de chuvas, baixa luminosidade e erosão do solo. A aveia, devido aos custos de produção e maior opção de utilização, tem o cenário de crescimento, com área estimada em 370,7 mil hectares (+3,9%) e produção de 916 mil toneladas (+8,7%).
A canola registra forte expansão, com previsão de 200 mil hectares semeados (+36,9%), mas enfrenta dificuldades no desenvolvimento inicial devido às chuvas e geadas. A cevada, por sua vez, segue tendência de retração, com redução de área (-7,6%) e produção estimada em 102,4 mil toneladas (-11%).
Brasil: alta de 14,2% na produção nacional
No cenário nacional, a safra de grãos está estimada em 339,6 milhões de toneladas, 14,2% acima do ciclo anterior. O crescimento é impulsionado por clima mais favorável, maior produtividade e aumento de 2,3% na área plantada.
A área cultivada totaliza 81,8 milhões de hectares, crescimento de 2,3% na comparação anual. O aumento é puxado principalmente pela soja, cuja área cresceu 3,2% (1,5 milhão de hectares), seguida pelo milho com 2,4% (507,8 mil hectares) e pelo arroz, que apresentou incremento de 140,8 mil hectares.
Embora o plantio das culturas de inverno tenha sido prejudicado por excesso de chuvas na região Sul, os demais cultivos avançam satisfatoriamente nas diversas etapas do ciclo.
Mais informações da safra nacional de grãos:
https://www.gov.br/conab/pt-br/assuntos/noticias/producao-pode-alcancar-339-6-milhoes-de-toneladas-e-superar-safra-anterior
Números do 10º levantamento da safra de grãos:
https://www.gov.br/conab/pt-br/atuacao/informacoes-agropecuarias/safras/safra-de-graos/boletim-da-safra-de-graos/10o-levantamento-safra-2024-25/10o-levantamento-safra-2024-25
Foto: Produção de arroz
Crédito: Sebastião José de Araújo / Embrapa