Preços da laranja devem ser melhores do que os registrados em 2013 e 2012, segundo analista do Cepea
A expectativa é de aumento do preço da laranja. A redução da produção
e dos estoques da indústria projeta um ano com melhor remuneração para a
citricultura. Segundo a analista de mercado do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Fernanda Geraldini Gomes, a
perspectiva inicial para 2014 é de preços melhores do que em 2013 e
2012.
– Principalmente pela questão de
oferta de suco de laranja,
que vai diminuir um pouquinho. Então, isso tende a aumentar o interesse
da indústria pela matéria prima no ano de 2014 – declarou Fernanda.
O
produtor de Mogi Mirim (SP), Jorge Setoguchi, conta que, na última
safra, vendeu a caixa de 40 quilos de laranja a R$ 6. Abaixo do preço
mínimo estipulado pelo governo, que é de R$ 10,10. Menor também que o
custo de produção, que para ele chegou a R$ 11 por caixa. Os baixos
valores desestimularam a produção.
– Se este ano for tão ruim quanto o ano de 2013/2014, provavelmente a
gente tenha que procurar outro ramo da agricultura porque não dá pra
continuar pagando pra trabalhar – afirmou o citricultor.
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR)
projeta redução do estoque da indústria para o final do ano safra, em
junho. A estimativa é de 476 mil toneladas de suco concentrado.
Quantidade 38% menor que o estoque do mesmo período do ano passado,
quando havia 766 mil toneladas em estoque.
No Estado de São Paulo e Triângulo Mineiro, principais regiões
produtoras do país, houve queda de 27% na safra 2012/2013 em relação à
safra anterior. A produção passou de 385 milhões para 278 milhões de
caixas de citrus.
– Nós tivemos o consumo estável em 2013/2014, o volume exportado pelo
Brasil continuou num ritmo bom. Só que a produção de laranja de São
Paulo foi bem menor. Então, ao invés de se aumentar o estoque, a
indústria precisou consumir para que se mantivesse o ritmo das vendas –
relatou Fernanda.
No pomar do citricultor Setoguchi, em Mogi Mirim, por exemplo, há
somente 25% das plantas que havia um ano atrás. De 20 mil para menos de
15 mil pés de laranja. A erradicação das plantas aconteceu por dois
motivos: casos de pés já muito antigos com baixa produtividade e os que
foram atacados pelo greening.
O produtor estima produtividade 10% menor. Ele diz que o greening
está controlado. Por isso, a doença não foi a principal preocupação
desde o início deste ciclo.
– Foi o clima né. Os dias quentes, noites frias, no período da
florada e pós-florada. Então, nós tivemos um abortamento de frutinhos
razoável, além do normal – explicou Setoguchi.
Na região de Mogi Mirim, os frutos estão verdes, em fase de
desenvolvimento. O verão está mais seco que costuma ser. A falta de
chuvas ainda pode aumentar as perdas na lavoura.
– Porque o fruto não cresce e com isso teremos um fruto menor para a próxima safra – disse Setoguchi.
O produtor acredita que com menor produção, a laranja fique mais
valorizada, mas não arrisca dizer quanto o preço pode aumentar.
– Não tenho perspectiva porque quem dita aí, no caso, são as
indústrias. Então a gente fica na expectativa de que seja um preço que
pelo menos esteja acima dos custos pra gente poder pagar as dívidas dos
anos anteriores – relatou o citricultor.
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