As pacientes, na faixa etária dos 30 anos, nasceram sem o órgão ou tiveram de retirá-lo devido a um câncer cervical
Nove mulheres na Suécia receberam transplantes de úteros doados por
parentes e, de acordo com os pesquisadores da Universidade de
Gotenburgo, na Suécia, uma delas que recebeu o transplante entre 2012 e
2013, teve o processo de fertilização in vitro bem-sucedido, no final do
mês de janeiro. Se a gravidez for adiante será a primeira mulher no
mundo a ter um bebê com útero transplantado.
Segundo o especialista em reprodução assistida, Nilo Frantz, membro
da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade
Europeia de Reprodução Humana (ESHRE), problemas relacionados a fatores
uterinos são os maiores responsáveis pela infertilidade, incluindo
problemas congênitos (ausência ou má formação), ou adquiridos, depois de
uma histerectomia (retirada do útero por qualquer outro motivo).
Conforme as informações do jornal britânico The Telegraph, a mulher,
que não teve seu nome revelado, participou do estudo porque tem uma
doença genética caracterizada pela ausência do útero. Mulheres com essa
doença, chamada síndrome de MRKH, têm ovários totalmente desenvolvidos, o
que permite que a fertilização artificial utilize seus próprios óvulos.
Ainda de acordo com o jornal, quem doou o útero para essa paciente foi a
mãe dela, o que significa que o bebê seria gerado no mesmo útero que
gerou a própria mãe.
Pacientes transplantadas
As pacientes, na faixa etária dos 30 anos, nasceram sem o órgão ou
tiveram de retirá-lo devido a um câncer cervical. As cirurgias ocorreram
a partir de setembro de 2012, mas o experimento só foi divulgado em
2014.
Novas tentativas
Os resultados mostram que as nove pacientes passam bem. Algumas
menstruaram seis semanas depois dos transplantes, um sinal de que os
úteros estavam saudáveis e funcionando. Foram poucos episódios de
rejeição e nenhuma das doadoras ou beneficiadas precisaram de
acompanhamento médico intensivo após a operação.
As tentativas anteriores pelo mundo de realização de transplantes de
útero não foram bem sucedidas. Uma delas foi em 2011, na Turquia. Uma
jovem de 22 anos recebeu o órgão do cadáver de uma mulher com quem não
tinha parentesco. A gestação foi interrompida duas semanas depois.
Método polêmico
Para o médico Nilo Frantz, o trabalho dos suecos é promissor, mas
merece cautela em relação aos efeitos do transplante na saúde da
paciente e com a possibilidade de que a placenta não leve a quantidade
necessária de alimentos para o feto.
Transplantes de órgãos como coração, fígado e rim são realizados há
décadas e a medicina está investindo cada vez nos transplantes de mãos,
rosto e outras partes do corpo que possam melhorar a qualidade de vida
dos pacientes. No útero, porém, os estudos são incipientes.
Fonte: ZERO HORA
Postado por:Elisete Bohrer