Foi em 2001, com a notícia do risco de um apagão, que o mecânico
mineiro Alfredo Moser teve a ideia: usar garrafas pet cheias d’água para
iluminar cômodos escuros durante o dia, sem usar energia elétrica.
Cada garrafa é encaixada num buraco no telhado, fazendo com que os
raios do sol se refracionem e se espalhem no ambiente. O resultado é uma
iluminação equivalente a uma lâmpada com potência entre entre 40 e 60
watts.
Simples e barata, a ideia ultrapassou os limites de Uberaba, cidade
onde foi inventada, e ganhou o mundo, chegando à África e à Ásia. A ONU
estima que um quinto da população mundial ainda viva sem eletricidade.
Como surgiu – Em 1975, Moser trabalhava como
mecânico em uma empresa de telecomunicações em Brasília e ficou
assustado com a notícia da queda de um avião.
“A gente ficava se questionando se acontecesse com a gente, como
daríamos sinal para o resgate. Nosso chefe, na época, disse para colocar
água num vidro e colocar na direção do sol. O calor colocaria fogo no
capim, fazendo sinal”, relembrou.
Com essa “lente improvisada” na cabeça, o mecânico teve a chance de
usar a dica na prática, mais de duas décadas depois, quando surgiu o
risco de um apagão no Brasil.
“Fiquei apavorado com aquela notícia. Daí resolvi usar minha ideia,
mas com garrafas de plástico. Adicionei água limpa, duas tampinhas de
água sanitária, peguei um pedaço de filme de máquina fotográfica para
proteger a tampinha da garrafa do sol, coloquei no telhado, e pronto”,
disse.
Segundo o inventor, as lâmpadas são ideais para serem usadas durante o
dia nos cômodos menos iluminados. “Em um corredor que é escuro ou um
banheiro, nem precisa acender a luz. Acende e apaga sozinha”, disse.
Os vizinhos adotaram a ideia também. Até um supermercado do bairro
usa garrafas plásticas para iluminar o ambiente. Além de ajudar o meio
ambiente, a iniciativa gera economia para o usuário.
Fronteiras – A ideia de Moser foi adotada pela
MyShelter Foundation, que ainda este ano pretende chegar à marca de 1
milhão das lâmpadas de Moser instaladas nas Filipinas. Somente na
capital daquele país, Manila, a organização estima que haja 3 milhões de
casas sem energia elétrica.
Por depender da luz solar, o dispositivo não ilumina à noite. Mas
para famílias pobres, das quais muitas vivem em favelas em que um
barraco está grudado em outro, sem janelas, ter mais luz durante o dia
já é de grande ajuda.
Outro lugar distante onde a invenção de Moser está servindo para
iluminar casas de famílias carentes é Nairóbi, no Quênia. Em Korogocho,
uma região de favela, uma organização está instalando as garrafas desde o
ano passado.
Foi um morador dessa área, o jovem Matayo Korogocho, quem viu no
YouTube um vídeo que mostra a invenção do mecânico mineiro. Ele cresceu
numa casa em que não havia dinheiro sequer para comprar querosene para
iluminação.
Novo modelo – Apesar de não ter o apoio que queria –
Alfredo Moser disse que já procurou órgãos públicos e privados para
investir na ideia das garrafas pet – o mecânico afirmou que está
aperfeiçoando o projeto. “Vou melhorar a lâmpada para clarear ainda mais
e para ter condições de colocar na laje, no forro”, explica.
O objetivo de Alfredo é ajudar principalmente as pessoas que não têm
condições de pagar pela energia. “O pessoal está precisando de luz. Meu
ganho é pouco, não posso cobrar muito porque é gente carente e faço um
preço bom também para ajudar. Mas a manutenção é barata, não gasta fio
de luz e você vai tê-la para o resto da vida. No meu galpão, as lâmpadas
estão há mais de 10 anos e nunca troquei água de nenhuma”, conta. (Fonte: G1)
+ Mais Informações ››››››