Presente em 493 dos 497 municípios gaúchos, a Emater chega a 2014 na
expectativa de reverter a sentença que suspendeu a filantropia e ameaça o
seu funcionamento. O prazo para a apresentação do recurso vai até o dia
20 deste mês. Os advogados aguardam a retomada da tramitação, parada
pelo recesso do Judiciário. Em jogo, a empresa de maior capilaridade no
Estado, batendo até o Banrisul, que atua em 489 cidades.
Tamanha
identificação com o povo gaúcho só se mede com os olhos voltados para
as comunidades atendidas. São os técnicos que orientam qual a melhor
variedade, formulam os projetos, dão dicas econômicas e prestam até
serviços psicológicos ao homem do campo. Como em Machadinho, onde a
equipe dá assistência e também ensina as mulheres a fazer chinelos
cobertos de miçangas. Em Anta Gorda, a Emater ajudou o jovem Sidnei
Toigo a montar um paradouro de produtos coloniais no caminho para a
Gruta Nossa Senhora de Lourdes. As extensionistas também ensinaram a
receita do bolo de erva-mate para garantir oferta de um produto
regional.
São exemplos de negócios impulsionados pelo Interior
que se fazem presentes até mesmo onde não há escritórios físicos, como
em Lindolfo Collor, Chuí, Esteio e Cachoeirinha. Mesmo os agricultores
familiares destes poucos municípios gaúchos onde não há Emater são
orientados pelos extensionistas. Os produtores recorrem aos
profissionais das cidades vizinhas para buscar extensão rural. “Havendo
necessidade, os escritórios ao redor costumam atender, de acordo com a
especificidade da demanda”, afirma a diretora administrativa da Emater,
Silvana Dalmás. Segundo ela, são municípios pequenos, com poucas
famílias de agricultores ou poucas propriedades.
Outro motivador
que justifica a ausência nestas localidades é a falta de interesse da
administração. Tanto que o recém-criado município de Pinto Bandeira já
tem Emater. Em Lindolfo Collor, que até 2011 contava com um escritório
regional, os agricultores se dirigem à Emater de Ivoti ou Presidente
Lucena.
Presidente do Sindicato Rural do Chuí, Leão Eusebio
Bermudez confirma que os produtores do município procuram os técnicos de
Santa Vitória do Palmar. A principal atividade agrícola da região é a
orizicultura. Hoje, o Sindicato Rural de Chuí possui 120 agricultores
cadastrados. Todos atendidos pela Emater do município vizinho por meio
de convênio com a prefeitura.
Em Esteio e Cachoeirinha, com
produção agrícola inexpressiva, as prefeituras consideram desnecessária a
presença de escritórios da Emater. De acordo com informações da
assessoria de imprensa de Esteio, no município há apenas um produtor que
cultiva arroz. Já em Cachoeirinha, há alguns agricultores familiares
que plantam hortigranjeiros. “Não há demanda suficiente”, diz o
secretário de Governo, André Lima de Moraes. No município, a Secretaria
do Desenvolvimento, Emprego e Trabalho dá assessoria aos produtores.
Para
o presidente da Emater, Lino de David, são exemplos que demonstram que o
processo de cassação da filantropia em nenhum momento abalou a missão
da empresa. “O tema evidenciou a unanimidade do Estado em defesa da
filantropia da Emater e dos serviços prestados por ela.” O gestor
considera que, nos últimos três anos, mesmo com as dificuldades, foi
possível recuperar a extensão rural gratuita em todo o Rio Grande do
Sul.
Fonte: Bruna Karpinski/Correio do Povo
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Emater tenta virar jogo por filantropia no RS
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