sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"Fui agredido com pedras, flechas e facão", diz vigilante de área invadida por índios em Vicente Dutra

Fernanda da Costa, de Frederico Westphalen
Com ferimentos na cabeça, nas costas e um corte profundo no braço, o vigilante Altair dos Santos Bueno, 48 anos, achou que não teria forças para pedir ajuda. Ele foi agredido por cerca de 50 índios ao tentar evitar que o balneário de águas termais onde trabalha fosse invadido, em Vicente Dutra, no norte do Estado.
O estabelecimento turístico Associação dos Amigos das Águas do Prado fica dentro de em uma área de 700 hectares reivindicada pelos índios. O local tem mais de 150 cabanas e atrai cerca de 15 mil visitantes por ano. No entanto, a área já foi declarada como terra indígena Rio dos Índios e está em processo de demarcação.
Segundo o vigilante, os índios chegaram ao local por volta das 19h de quarta-feira. Um dos carros do grupo teria colidido com um dos veículos que estava estacionado no local. Ele conta que deixou a guarita onde trabalha e foi ao pórtico de entrada do estabelecimento para ver o que estava acontecendo. Em seguida, teria sido agredido. Sofreu ferimentos graves na cabeça e foi socorrido pela Brigada Militar.
Bueno recebeu os primeiros atendimentos no hospital de Caiçara, cidade vizinha a Vicente Dutra, mas foi transferido para ao Hospital Divina Providência, em Frederico Westphalen, onde ainda está internado nesta quinta-feira.
Com muita dor no corpo e dificuldade para falar devido aos dentes quebrados e aos ferimentos na boca, o vigilante, que também é agricultor, contou a Zero Hora como a agressão aconteceu.
Zero Hora - Como o conflito começou?
Altair dos Santos Bueno - Os índios chegaram no balneário pouco depois que eu assumi o serviço, às 19h, e um dos carros deles bateu em outro que estava estacionado. Eu decidi sair da guarita e ir ver o que estava acontecendo. Perguntei para eles o que estavam fazendo e eles disseram que era para eu sair se não iria sobrar para mim. Em seguida, eu fui agredido com pedras, flechas e facão. Levei muitas pedradas nas costas e na cabeça e depois fui ferido com um corte de facão no braço. Achei que não teria forças para pedir ajuda e pensei que se ficasse lá eu iria morrer.
Zero Hora - E como você conseguiu pedir ajuda?
Bueno - Eu acho que um dos vizinhos viu que eu estava apanhando e chamou a Brigada Militar. Quando ouvi a sirene da polícia, senti um alívio. Comecei a correr em direção à viatura para pedir abrigo, mas a dor era tanta que eu achei que não fosse conseguir chegar até eles. Os policiais abriram a porta e eu entrei no carro, mas os índios vieram atrás de mim. Eles cercaram o carro e quebraram os espelhos e os vidros da viatura da Brigada Militar. Eu só queria sair dali e ficava dizendo para os policiais andarem logo, mas eles ficaram parados um tempo até os índios saírem. Depois me levaram para o hospital.
Zero Hora - Qual o motivo para que eles agredissem o senhor ?
Bueno - Acho que foi porque sou vigilante do balneário e também tenho uma propriedade de 37 hectares nas terras que eles querem. Moro na cidade e trabalho à noite no balneário, mas também sou agricultor. Planto fumo, feijão e tenho uma pequena produção de leite. Estou preocupado porque amanhã era o dia em que eu começaria a colher o fumo.
Zero Hora - Toda a propriedade está na área reivindicada pelos índios?
Bueno - Sim, eu perderia tudo. Além a propriedade, tenho uma cabana no balneário. O governo tem que dar um jeito nisso. Não posso ficar sem trabalhar, tenho sete filhos para criar.
ZERO HORA

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