Um
estudo aponta que a grande maioria dos brasileiros não julga atos como
furar fila e comprar produtos falsificados formas de corrupção. Para
muitos a adulteração ocorre apenas em Brasília
Não dar nota fiscal, não declarar Imposto de Renda, tentar
subornar o guarda para evitar multas, falsificar carteirinha de estudante, dar
ou aceitar troco errado, roubar o sinal da TV a cabo do vizinho, furar fila,
comprar produtos falsificados, falsificar assinaturas e no trabalho, bater
ponto pelo colega. Essas são atitudes tão comuns para a cultura nacional que
muitas pessoas nem consideram que essas são formas de corrupção.
É o que aponta uma pesquisa da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e o Instituto Vox Populi sobre os pequenos delitos cometidos no
dia-a-dia como corriqueiros. Conforme o estudo, essas atitudes não são vistas
pelos brasileiros como atos de corrupção. Além disso, um em cada quatro
brasileiros (23%) afirma que dar dinheiro a um guarda para evitar uma multa não
chega a ser um ato corrupto.
Os números refletem o quanto atitudes ilícitas como essas,
de tão enraizados em parte da sociedade brasileira, acabam sendo encarados como
parte do cotidiano. Segundo a pesquisa da UFMG, 35% dos entrevistados dizem que
algumas coisas podem ser um pouco erradas, mas não corruptas, como sonegar
impostos quando a taxa é cara demais.
Nas ruas de Carazinho as pessoas consideram essas atitudes
como erradas, mesmo vendo com estranheza o termo “corrupção”. “Não sei se chega
a ser corrupção, o fato que qualquer coisa como furar fila não é correto”, diz
a operadora de caixa de um supermercado, Marisa de Oliveira Vargas. Para ela,
que lida diariamente com dinheiro, dar ou aceitar troco errado é uma forma
grave de comportamento. “O que não é meu eu devolvo imediatamente, por isso já
conto o troco na frente do cliente, para não dar problema depois, e para que
não desconfiem de mim”, diz a jovem de 28 anos.
Atitudes como roubar o sinal da TV a cabo do vizinho para a
aposentada Margarete do Amaral Brabo, é um pecado grave. “Meu filho queria
puxar a internet de um vizinho, mas eu não deixei”, garante a senhora, que aos
65 anos classifica o ato de furar a fila uma manifestação enorme de falta de
respeito, e questiona: “Se eu posso esperar, porque a outra pessoa não pode?”.
Fonte: Diário da Manhã
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