quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Bullying literário

Por Júlia Endress
Não tem jeito, todo mundo já se sentiu constrangido por algum livro que leu. Acontece com os best-sellers, com aqueles guia de relacionamentos e também com as famosas autoajudas que prometem enriquecer-emagrecer-ser-feliz-eternamente.
Vergonhas à parte, o fato é que (quase) todo mundo, em alguma época, já leu alguns desses livros que sofrem #preconceito. Foi por isso que demos uma passadinha na Feira do Livro pra conversar com uma galera entendida no assunto e descobrir o que eles têm escondidinho na estante, naquele lugar que nenhuma visita vê. E eles foram sinceros. Vem que a lista tá ótima!
A Culpa é das Estrelas (líder da vergonha alheia, segundo os fãs)O livro do John Green, cujo filme fez o mundo chorar do começo ao fim, é um dos mais estigmatizados do momento, mas também é um dos mais lidos. A Natasha Heinz, de 22 anos, adorou a história, maaaas isso não impede que o livro entre pra lista dos guilty pleasure literários dela. “Há uns dois anos, compreiA Culpa é das Estrelas pro aniversário de 14 anos da minha prima e ela adorou tanto que precisei ler também. Terminei a história em dois dias, chorei horrores e saí correndo pra comprar qualquer outro livro do autor que achasse. Hoje, tenho todos que ele escreveu – e vários outros do mesmo gênero – na minha prateleira, disfarçados entre livros de filosofia, clássicos da literatura e obras completas de ~grandes autores (Cidades de Papel, por exemplo, está entre Madame Bovary e A Divina Comédia). Se alguém olha isso e questiona as minhas escolhas, eu sempre digo que tem que ter uma historinha pra ler na beira da praia, no ônibus, pra dar uma olhadinha antes de dormir. Na hora de comprar, é sempre aquela coisa… dá pra disfarçar com um outro livro mais culto~, perguntar se dá pra enrolar pra presente, fingir que não é contigo caso o vendedor te dê um olhar de julgamento ou, como eu não pareço a idade que tenho, ajo como se tivesse 16 anos mesmo, bem na idade certa de ler”.
Crepúsculo (uma história ok, mas baixou o nível) – Em 2005, Stephenie Meyer iniciou uma saga da guria que se apaixona por um vampiro. Mas até aí tudo bem. O problema foi o filme, segundo o Lucas Mello, de 19 anos. “Eu li o livro bem antes de sair o filme e acho tudo muito diferente. Pra começar, o livro já não é muito bom, mas é uma história ok, é legal até. O problema é que a adaptação pro cinema deixou a história muito infantilizada, e originalmente ela não tem esse caráter ou, pelo menos, quando eu li não era a isso que eu associava. Ao meu ver, o filme fez baixar o nível da coisa mesmo, e acho que isso criou todo esse preconceito que cerca Crepúsculo”, diz o guri, que mesmo admitindo alguns ~probleminhas, gosta do livro.

Os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus (precisa de papel de presente na hora da compra) – Já se passaram mais de 20 anos desde o lançamento desse clááááássico de  John Gray. Descrito como “um guia que aposta no final feliz”, o livro tem um verdadeiro roteiro pra que homens e mulheres se entendam, mas não é beeeem assim. “Eu li esse livro há quase 15 anos porque é o tipo de coisa que a gente lê quando é adolescente porque acha que vai nos ajudar nos relacionamentos. Só que mesmo sabendo que é um blablablá, eu continuo lendo uns livros assim porque eles acabam nos dando esperança nas épocas de fossa e deprê total. Por exemplo, quando saiu “Por Que Os Homens Fazem Sexo e As Mulheres Fazem Amor?”, eu fui correndo comprar”, conta a Christina Silva, de 28 anos. E pra continuar comprando os livros de boas, ela segue a mesmo tática de pedir embalagem pra presente! “Ah, rola um preconceito dos vendedores, né?! A galera já revira o olho quando vê o título, então eu evito constrangimentos e ainda me faço de culta”.
Querido John (melhor do que não ler nada) – “Se for para citar só um livro, eu digo ‘Querido John’, que tem toda a questão de exército, amor e separações, algo super clichê. Mas acho que todos os livros do Nicholas Sparks podem ser incluídos nessa lista facilmente. Ele é o top dos autores marginalizados porque muita gente acha que as histórias são parecidas, muito romancezinho, e até faz sentido, mas eu gosto, é bom pra distrair, passar o tempo”, garante a Nathália Cardoso, de 26 anos. Além disso, a guria diz que hoje fica revoltada quando fala de algum livro do autor e as pessoas fazem algum comentário irônico. “É que eu sei que muita gente ri, mas também leu, então eu só respondo dizendo que é melhor do que não ler nada e encerro o assunto me sentindo vitoriosa”.
Cinquenta Tons de Cinza (só o filme pode salvar) – Apesar de ter livro de E. L. James naquele momento em que ele virou febre, o Pedro Veloso, de 25 anos, se decepcionou com a história. “Sim, eu li 50 Tons de Cinza! Consegui emprestado de uma amiga, que prefere se manter anônima nessa matéria, pra fazer um trabalho da faculdade. Foi em um esquema leitura dinâmica, pulando as partes chatas, que são muitas – mas sim, li todas as cenas de sexo. Eu achei bem ruim, a personagem principal é uma bocó e o relacionamento deles é muito clichê. Achei terrível, mas é óbvio que vou assistir nos cinemas, vocês já viram aquele elenco maravilhoso?”.

Pela redação – sim, nos relatos acima ainda faltaram alguns títulos que você, eu e todos nós sabemos que também são passíveis de bullying, então…
Marley & Eu (só para os que têm <3 em=""> Vamos ser sinceros, quem não leu a história do “pior cachorro do mundo”? E mais: quem não se emocionou horrores no final do livro de John Grogan? Mesmo que seja quele livro que você chega no aeroporto e fica lendo com a capa escondida no colo, poxa, é viciante. <3 p="">

O Segredo (O Segredo que você lê em segredo) – Baseado num documentário homônimo, o livro reúne todos os fragmentos de um grande ~~segredo, capaz de transformar a vida de todos que aprenderem a aplicá-lo na sua vida. Pra quem não lembra, a ideia era que o tal segredo ajuda a conquistar dinheiro, saúde, felicidade e tudo mais de bom que há nesse mundo! Um livro para pessoas que estão buscando o verdadeiro #sucesso.

Ansiedade (todo mundo quer economizar com terapia)Vamos combinar que com uma sinopse que diz que quem sofre por antecipação, tem dores de cabeça ou muscular e acorda cansado deve estar com uma tal de  Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), o livro desperta a curiosidade de tudo mundo, afinal, como não se identificar com algum desses sintomas!? Não é por acaso que o livro é um dos mais vendidos no Brasil entre 2013 e 2014, mas ainda assim é difícil encontrar um leitor dele – a não ser em consultórios médicos #ficaadica.
Um Dia (a culpa é do filme)A célebre história de Dexter Mayhew e Emma Morley é vista como piada pra muita gente, mas o livro de David Nicholls foi um dos mais populares de 2010 e ganhou até adaptação pra cinema, o que sempre pode explicar todo esse bulliyng.
Fonte: CP

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