terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Bastidores da maior ação policial do RS em livro


Por Luciana Vicente

A segurança pública e uma operação da policia civil são temas de “Banguela” (Editora Kiron), livro de estreia do jornalista Marcio Pêssoa, com lançamento, nesta terça, dia 14, a partir das 18h, na  livraria Palavraria (Vasco da Gama, 165). O romance, uma combinação de  jornalismo investigativo e literatura,  mostra os bastidores da maior
operação policial da história do Rio Grande do Sul e do esforço de  integração entre as estruturas do setor para prender um bandido que foi,  por mais de meia década, o número um do Estado.
Quando ainda era repórter da Rádio Guaíba, entre 2001 a 2005, Pêssoa  acompanhou de perto as ações policiais na busca de José Carlos dos  Santos, conhecido como “Seco”. Mesmo indo estudar e trabalhar na  Alemanha, não deixou de se interessar  pelo caso. Foi com a prisão do  procurado, em 2006, que resolveu escrever o livro. Em seguida, voltou ao  Brasil somente para levantar informações e conversar com os envolvidos.
Entrevistou policiais, vítimas e bandidos, além de viajar por várias  cidades. Ao voltar para a Europa, ele confrontou todas as informações e  ouviu mais 50 horas de gravações. “O que está no livro é resultado de  detalhado cruzamento de dados. O que não consegui apurar como verdadeiro,  deixei de lado”, pontua.
O jornalista inventou nomes fictícios para os personagens envolvidos e  recombinou acontecimentos para proteger suas fontes. Também com essa  intenção usa recursos da literatura fantástica ao mostrar o ponto de  vista de seres inanimados, como um quadro,  as câmeras de segurança, um  documento ou um gabinete. Criou também um jornal  fictício, chamado Carta  Popular, que serve como um contraponto na narrativa, com as matérias colocadas entre os capítulos. Sua proposta é mostrar o comportamento da  mídia em coberturas deste gênero e debater o trabalho dos meios de  comunicação.
O escritor também faz uso de um recurso quase cinematográfio ou de série  policial ao apresentar data, hora e local na mudança de cada ação. Desta  forma, oferece a oportunidade ao leitor exigente de reler, voltar e até  comparar as tramas que são apresentadas e que vão se cruzando. Além  disso, a maior parte dos diálogos é resultado de transcrições de escutas  telefônicas. A intenção, diz ele, foi  reconstruir de forma fiel os  sentimentos e os dilemas vividos naquele período.
Pêssoa lembra que, para a Operação Lince, foram liberados recursos  vultusos para a segurança pública, naquele momento confusa e  desmoralizada. As diversas investidas fracassadas na prisão de Seco e sua  quadrilha resultaram em mortes – de crimonos e inocentes – o que revelava  a situação precária da polícia. “Naquele momento, como ainda hoje, a  divisão e disputa entre as policias; a interferência política e  partidária, e a febre dos grampos telefônicos são alguns dos vários  problemas no setor”, avalia. Para ele, “Banguela” deveria ser usado na  Academia da Polícia para discussão, reflexão e na formação de novos  agentes.
Mesmo de forma não intencional, conta Pêssoa, o livro será  lançado na  mesma data de uma investida policial em um camping no litoral norte do  Rio Grande do Sul, em 2006, para prender o líder da quadrilha. A ação foi  apontada como desastrosa porque resultou na morte de um menino de 3
anos. “Banguela” pode ser encontrado nas livraria Palavraria,  Bamboletras, Palmarica e Erico Verissimo. Além de ter o formato digital  no site www.banguela.net.

Marcio Pêssoa- Foto Orestis Fr.
Marcio Pêssoa
Atualmente, Pessôa divide seu tempo entre a Alemanha e a Grã-Bretanha. No Reino Unido, desenvolve pesquisa de doutorado em Estudos do Desenvolvimento. Seu foco de pesquisa é Democratização e Sociedade Civil na África Austral. Em Bonn, atua como jornalista na Deutsche Welle, uma das maiores emissoras de notícias do mundo, trabalhando com temas brasileiros e africanos. Na área acadêmica, além do doutorado em andamento, possui mestrado em Sociedade Civil e Governança Democrática na Universidade de Osnabrueck, na Alemanha, com bolsa de políticas publicas e governança do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico.

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