sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Aula Magna com o escritor Fabrício Carpinejar foi realizada pelo CESURG

 

"Sempre que a gente não fala o nosso preço, talvez a gente viva por um preço muito menor - é viver toda a vida com migalhas”. Fabrício Carpinejar

“Estamos vivendo a infância da humanidade” - foram estas as palavras que Fabrício Carpinejar proferiu na sua fala inicial da Aula Magna, promovida pelo Centro de Ensino Superior Riograndense (CESURG), na noite de 21 de setembro.

Com o tema “Inovação e Atitude - do indivíduo ao coletivo”, o escritor, poeta, cronista e jornalista, Fabrício Carpinejar falou para a comunidade acadêmica dos cursos de graduação e técnico e às demais pessoas que acessaram as plataformas digitais do YouTube e Facebook da Faculdade CESURG. A transmissão teve as boas vindas dadas pela professora Juçara Elza Hennerich, diretora de Ensino e com a mediação do professor Carlos Daniel Baioto, ambos também docentes do CESURG.

O objetivo do momento com Carpinejar foi de proporcionar a reflexão de que a atitude individual pode provocar a atitude social, e que ambas, em tempos singulares (pandemia, caos social) podem inovar, na criação de alternativas de desenvolvimento, inovando processos, capazes de mover do caos para a criação.

Em alguns trechos de sua fala, o escritor, jornalista e poeta, disse: “...precisamos lidar com os brinquedos da nossa fantasia, como criança a gente precisa saber se ocupar da imaginação. Nunca o ‘faz de conta’ foi tão essencial para a sobrevivência, estamos mais recolhidos em casa”, refletiu Carpinejar.

Para quem acompanhou de suas casas ou das salas de aula, o tema de Carpinejar foi bastante atual e cativante, pois abordou tudo o que vivemos nestes últimos 18 meses de pandemia, “...Estamos confinados no tempo, a gente não

sai do tempo, a sensação é que estamos há dois anos no mesmo dia, como se estivéssemos presos no feitiço do tempo”.

Quanto às relações entre “o outro e o eu”, Carpinejar falou muito da importância de controlar a ansiedade nestes tempos, de focar em atividades diversas das cotidianas, de não antecipar os sofrimentos e acontecimentos, “...por isso a importância de combater a ansiedade, é o principal vilão do contexto atual, o ansioso quer controlar o que vai acontecer, a ansiedade tem a síndrome da profecia, a pessoa quer antecipar as suas dores, a ansiedade vai roubar o presente e o passado, o ansioso fica num falso andaime, sem ter condições de poder reagir à ansiedade, ela faz com que cada um tenha o medo de ser amado, não confia no amor, vai desconfiar de situações boas e agradáveis”.

Carpinejar destacou ainda na Aula Magna do CESURG, as consequências do consumo de informação sem filtro e a urgência em respeitar a saúde emocional, “...esta ansiedade pode vir com o excesso de notícias ruins, quem fica assistindo o noticiário a todo o momento vai ter um gatilho apocalíptico, precisamos contrapor o canto dos corvos, urubus, com o canto dos sabiás, precisamos filtrar, nunca foi tão importante para a saúde emocional o filtro, é preciso ler, ouvir música, fazer artesanato para não ser atingido pela ansiedade”, refletiu o poeta.

Com fala direcionada aos discentes do CESURG, Carpinejar aconselha: “...é tão necessário abrir espaço para a solidão, ter um tempo consigo, num pensamento, não escreva somente sobre o estudo, escreva sobre as suas emoções, a escrita é um calmante natural, precisamos combater a ansiedade coletiva com a escrita”.

O escritor continuou ressaltando que a escrita é terapêutica, “...importante ter um espaço terapêutico para conseguir desabafar, a ansiedade leva a memória embora,

nunca tive que ‘printar’ tanto a tela como agora, as pessoas não lembram mais o que prometeram, assumiram, estão esquecendo os seus compromissos, estamos sempre resgatando o que foi dito, precisamos de fixadores de

lembranças, a escrita é uma arma, um fixador, o que você escreve torna-se um libertador e com sua letra tem uma memória mais afetiva”.

A valorização do eu, da busca pelo reconhecimento, faz parte do cotidiano humano e Carpinejar tratou isto da seguinte forma: “sempre que a gente não fala o nosso preço talvez a gente viva por um preço muito menor - é viver toda a vida com migalhas. A realidade precisa ser enfrentada com a palavra, você precisa dizer aquilo que acredita, evitar ruídos, fake news a seu respeito, quando você silencia, esperando que alguém possa adivinhar e descobrir o que você merece, não ocorre, todo o espaço precisa ser conquistado”.

A ansiedade retornou ao relato de Carpinejar por diversas vezes, pois o momento que vivemos na pandemia, nos tornou mais ansiosos, “...a ansiedade nos gera a culpa, acreditem - a culpa é o motor da ansiedade - não vale a pena ter razão nesta vida, porque cada um tem uma razão na sua vida, uma razão individualizada, a gratidão é individualizada, customizada, se você não sabe ser grato não será capaz de reconhecer o quanto a gratidão muda de pessoa para a pessoa, temos dificuldade de simpatia, pois só defendemos a nossa razão”.

A importância de respeitar as diferenças e a individualidade de cada um, como deve ocorrer também na vida acadêmica, teve o toque sutil das palavras do poeta: “...o que para nós não tem grande valor, para outra pessoa pode ser muito, só pano de prato velho é capaz de secar a louça e, só entende isto quem seca a louça”, refletiu Carpinejar.

Ao encaminhar para o encerramento do evento, Fabrício Carpinejar voltou a ressaltar a forma que considera essencial para mantermos as lembranças, forma esta que o revelou para todos, a escrita: “... sempre que colocamos nossa letra em qualquer coisa, combatemos os esquecimentos, fica mais difícil de descartar, a palavra salva qualquer superfície, se é colocado um recado seu se torna pessoal. Ninguém quer grandes presentes, não se consegue colocar fora uma folha que tem um compromisso assumido”, ressaltou o poeta, jornalista e escritor Carpinejar.

No encerramento da Aula Magna foram realizadas algumas perguntas que chegaram através dos chats das plataformas digitais, com a mediação do professor Baioto, que finalizou agradecendo o poeta Fabrício Carpinejar por ter aceito transmitir sua mensagem aos acadêmicos do CESURG e à comunidade que o acompanhou pela internet.

Central de Relacionamento/Comercial/Imprensa

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