segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

A batalha de Trindade do Sul

Foto: Guarnição da Viatura 11343, por Soldado Meira
Entrar 2019 vivos. Esta foi a maior comemoração de três homens e uma mulher em especial. Policiais militares do 3º BOE, de Passo Fundo, o Tenente Dikson da Silva e os Soldados Juliana Borges, Renato Dias e Wagner Meira nasceram de novo no abrasivo domingo de 16 de dezembro último. Quatro dias antes, bandidos fortemente armados roubaram dois bancos em Trindade do Sul/RS, fazendo reféns e parando a cidade de medo e terror. A Brigada Militar manteve cerco intenso na região. No sábado, o ataque à casa de um agricultor e prisão de um comparsa revelaram a provável localização do bando. A notícia cortou a folga dominical dos quatro PMs e seus planos de churrasco com a família, passeio ou enfim fazer as sempre adiadas compras natalinas. Juliana anteciparia os preparativos para o seu aniversário, exatamente no dia de Natal. O cotidiano policial lhe dava raras folgas, precisaria aproveitar. Naquele domingo não deu.

O dia raiou com os quatro a bordo da viatura prefixo 11343, vencendo em tempo recorde os 120km que os separavam do cerco. E no auge da tarde, quando o Sol parecia cozinhar seus corpos sob fardas e equipamentos, eles, guiados pela experiência, decidiram averiguar um matagal. E o que Dikson, Juliana, Renato e Meira viveriam, a seguir, muitos só conhecem de filmes como “Platoon, os Bravos do Pelotão”. Após desembarcar da viatura e avançar, com toda cautela e técnica de progressão, eles ainda precisariam vencer uma plantação de soja. E foi ali que o primeiro sibilo rasgou o ar e o estrondo de um disparo de fuzil chegou arrepiando a alma. E veio uma chuva de balas. A situação era extremamente difícil e o risco iminente da vida dos policiais era óbvio: estavam expostos ao fogo inimigo, não havia onde se abrigar, pois a soja atingia poucos centímetros de altura e não havia nada por perto. Estavam em menor número que os bandidos. Além disso, os policiais não viam os criminosos que, do mato, tinham visão total dos PMs. Então eles se ajoelharam e revidaram, na coragem e na confiança mútua. Resultado, baixas apenas entre os bandidos.

Juliana não dormiu por algumas noites. A intensidade do confronto, o aniversário que quase não viveu, o abalo de ver a morte tão de perto. “Foi Deus”, afirmam os heroicos policiais. Foi Deus. Mas também foi coragem, bravura, técnica e preparo desses grandes combatentes da cidadania. Seja um veterano oficial da Brigada, como Dikson, ou um jovem policial, ninguém sai o mesmo após um confronto desses. Poucos dias depois, lá estavam eles, trabalhando no réveillon. Fardados, como sempre, prontos para qualquer nova batalha, imersos na missão de garantir a segurança da sociedade. Desta vez, porém, mesmo que distantes outra vez dos seus entes queridos, estavam felizes. Pois estavam vivos para ver a chegada do ano novo!

Fonte: Correio Brigadiano

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