terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Desalojados do Alto Recreio ainda buscam resposta da Justiça

Agricultor fala sobre a situação que as famílias estão vivendo
Ao longo dos anos muitas demarcações de terras indígenas vêm ocorrendo e junto com elas famílias são realocadas, assim como no ano de 1997 foi decretada a demarcação da localidade de Serrinha quando índios exigiram seus direitos e cerca de 2 mil famílias foram expulsas das terras, que se localizavam na região de Alto Recreio, Rio Grande do Sul.
O governo da época ajudou realocando diversas famílias no
ano de 1999, porém deixou para traz tantas outras. Uma
comissão resolveu ser formada por essas famílias neste ano de 2014 que passando de cidade em cidade buscam o reconhecimento e a colaboração das prefeituras e demais poderes para uma realocação nas áreas rurais, o principal objetivo é conseguir recursos baseados no perfil de cada família, visto que seja analisada renda, carteira assinada, residência e demais dados.
Nesta mesma época outras famílias de mais quatro municípios passaram pela mesma situação sendo eles Ronda Alta, Três Palmeiras, Constantina e Engenho Velho e se juntam nessa causa, ao todo são 70 famílias. Na época uma área de cerca de 11mil e 900 hectares estava dentro da área indígena e foram ocupadas.
O NorteRS entrevistou o agricultor Dalcir Peruchini que está reivindicando seus direitos, e enfatiza: "Tem famílias passando necessidades e que não recebeu nenhum auxilio do governo em nenhum momento, tentamos conversar com alguns prefeitos, mas eles simplesmente não se importam e esses que não tem intenção de ajudar nós não visitamos mais" ressalta enfático.
Segundo ele não existe nenhuma proposta ainda vinda das autoridades governamentais: "Por falta de informação não é, porque existe uma avalanche de informação, as pessoas não ajudam por que não querem. Só queremos os nossos direitos", argumenta.
A falta de adaptação de algumas famílias também é lembrada por ele que comenta que não se pode tirar o agricultor que trabalhou durante anos da terra e simplesmente colocar na área urbana, então a realocação somente é aceita se for em áreas interioranas.
"Muitas pessoas que não precisavam ser recompensadas acabaram sendo, pessoas que não moravam no local e que possuíam apenas terras no local, entretanto quem morava no interior que não tinha outro recurso para sobreviver simplesmente foi deixado de lado", enfatiza. Segundo Dalcir, a base principal para que saiba os direitos que cada um tem é investigar o perfil das pessoas e quem possuir um emprego fixo na cidade deveria dar espaço para quem depende da renda do campo.
A comissão quer o posicionamento do Governo e a realização de auxílio às famílias, sendo que as mesmas estão sem respostas há muitos anos. "Queremos encerrar essa página", concluí.
Outras famílias atingidas falaram sobre a questão Hélio José Florêncio comenta que é preciso que sejam avaliados de forma coerente as famílias que serão beneficiárias:
“Eu fazia parte do grupo que teve suas terras reivindicadas pelos índios, e muitos que não precisaram receberam terras em outros lugares, alguns trabalhavam na cidade, mas tinham terras no campo, e outros só viviam da renda do campo, assim como eu, esses que viviam da agricultura deveriam ter uma verba com valor superior, buscamos pelos nossos direitos,” ressalta. 
Valdir Antônio Florêncio salienta que espera receber um pedaço de terra:
“Eu não recebi nada, perdi as minhas terras para os índios, e estou esperando o posicionamento do governo.” 
Para coletar maiores informações e como anda a ação na justiça, o veículo de comunicação NorteRS entrou em contato com o Ministério Público Federal o qual não pode se manifestar sobre o assunto. 
  
Fonte: Luana Fiorentin, NorteRS
Postado por:Claudinara Glienke

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