História de Palmeira das Missões
Palmeira das Missões, 5º distrito do município de Cruz Alta em 1834 possuía uma extensão territorial de 15.600 km². O primeiro núcleo urbano consta de 1724, sendo que em 1821, foi denominado Vilinha, nome este atribuído pelos extratores de erva-mate, o município ainda teve outras denominações, quais sejam, Vilinha do Herval, Vilinha da Palmeira, Santo Antônio da Palmeira e finalmente Palmeira das Missões.
A formação da cidade teve início na Praça da Vila Velha onde havia umas poucas casas, formando um agrupamento inicial conhecido originalmente por “Vilinha”, neste local a troca de mercadorias era fato consolidado, os ervateiros mantinham este hábito constante com os carreteiros que por ali passavam, o que, evidencia já desde antigamente a grande e antiga tradição de nossa terra, quando o assunto é erva-mate.
Podemos dividir o povoamento de Palmeira das Missões em três fases distintas:
1ª Fase – A fase inicial, se estende por toda a existência das Missões Jesuíticas. Provavelmente, foram os Jesuítas dos Sete Povos das Missões os primeiros homens brancos a recruzarem o território do antigo município de Palmeira das Missões, embora não tenham tido vinculação direta e profunda com a história local. É a época do reconhecimento do seu território, da descoberta e exploração dos ervais nativos. Nessa fase não se organizam núcleos urbanos permanentes, mas arranchamentos transitórios, os quais eram abandonados depois das safras, refazendo-se nas safras seguintes;
2ª Fase – Pode ser chamada do ciclo do tropeirismo. Este período abrange cerca de um século. Começa em 1816 precisamente na data da conhecida Exploração dos Caminhos das Missões. Portugueses comandados por Atanagildo Pinto Martins, descobrem um local de fácil passagem para o gado. Com este descobrimento, muda a rota dos tropeiros, determinando a fixação definitiva, dos paulistas em terras de Palmeira, fato este, testemunhado pelo próprio punho de Atanagildo Pinto Martins, é nessa fase também, que se define o domínio lusitano dos portugueses de nossa região, que se fundam as nossas primeiras fazendas e se fixam os primeiros núcleos urbanos da região dos campos, tanto da sede, como dos antigos distritos (Nonoai e Campo Novo);
3ª Fase – Em 1917, quando aqui se estabeleceu a comissão de colonização que veio disciplinar o crescimento demográfico, ocorreu o incentivo à construção de estradas distritais e o estímulo do nosso primeiro surto agrícola, apesar de seus recursos técnicos serem bastante precários.
Atualmente, Palmeira faz parte da microrregião (009) de Carazinho, do CONDEPRO – Conselho de Desenvolvimento da Região da Produção e da AMZOP – Associação dos Municípios da zona da produção.
Atualmente, Palmeira faz parte da microrregião (009) de Carazinho, do CONDEPRO – Conselho de Desenvolvimento da Região da Produção e da AMZOP – Associação dos Municípios da zona da produção.
Num resumo histórico do município, destacam-se algumas situações que melhor ilustram o supra- referido:
As origens históricas do município remontam os séculos, é conhecida pelo homem civilizado, desde 1632 quando os jesuítas, chefiados pelo Pe. Francisco Gimenez e sob a orientação dos Três Mártires: Pe. Roque Gonzáles, Pe. João Del Castilho e Pe Afonso Rodrigues, fundaram a Redução de Santa Tereza, situada próximo ao Arroio Góis, na ex-colônia das Tesouras, que posteriormente veio a ser destruída por mamelucos paulistas. A partir desta época, a história de nosso município se obscurece, até a fundação dos Sete Povos das Missões, por volta de 1815;
Em 1816 ou 1819, o Brigadeiro Atanagildo Pinto Martins desceu de São Paulo com sua Milícia, parou em Laguna e seguiu em direção ao Sul, penetrando no território do Estado, a fim de explorar um caminho para o comércio das tropas. Ao que parece, quando Atanagildo Pinto Martins chegou ao lugar que hoje está situada a cidade de Palmeira das Missões, encontrou o começo de um precário povoado. Estabelecido a nova rota para os tropeiros, determinou esta a fixação dos paulistas na cidade de Palmeira. Seduzidos pela riqueza da pradaria, foram estabelecendo os pioneiros, os quais fizeram o povoamento da região do Alto Uruguai - Planalto Médio. Destacam-se nesta época, o Major Antônio Novais Coutinho, Leme de Oliveira, Souza Bueno e Joaquim Thomas da Silva Prado. Este último, trouxe além de sua família, mais de cem escravos;
Desenvolveu-se logo após, um pequeno núcleo populacional, que servia de entreposto e descanso para os tropeiros. O primeiro núcleo urbano de Palmeira foi o da Vila Velha, edificando em torno da atual Praça Paulo Ardenghi que, em 1724, tinha o nome de Praça de Santa Cruz;
Foi Vilinha, a primeira denominação de Palmeira das Missões, termo distribuído pelos extratores de erva-mate em 1821, em 1822, chegou ao povoado o Capitão Fidélis Militão de Moura, designado pelos poderes provinciais para ser a primeira autoridade constituída;
No século passado, um certo Francisco Pinheiro da Silva doou um terreno destinado à Igreja e povoado, fazendo de livre e espontânea vontade a doação do dito campo, para Santo Antônio e povoação de Palmeira a fim de servir de patrimônio ao Santo de sua devoção, o glorioso Santo Antônio. Em 1853, o Bispo D. Feliciano José Rodrigues Prates, autorizou a construção de uma capela em louvor a Santo Antônio, pertencia então ao município de Cruz Alta. Em poucos anos, o Major Antônio Neves Coutinho construiu a capela, sendo erguida em 14 de Janeiro de 1857. O primeiro vigário foi o Pe. Domingos José Lopes que exerceu o paroquiato de 1860 a 1861.
Em 1833, por resolução do Presidente da Província foi instalado o município de Cruz Alta, compreendendo os atuais municípios de Palmeira das Missões, Santo Ângelo, Passo Fundo, Soledade e São Martinho. Já em 1834, a Câmara de Cruz Alta resolveu dividir seu território em seis distritos: a Sede, São Martinho, Botocaraí, Passo Fundo e Palmeira das Missões (englobando Santa Bárbara do Sul e Panambi);
Em Janeiro de 1857, com a construção da Capela, cujo nome passou a se denominar Capela de Santo Antônio, deu-se mais um passo no povoamento do município. Esta capela localizou-se onde hoje está situada a Praça da Bandeira, onde sob uma palmeira os viajantes costumavam descansar;
Em 06 de maio de 1874, Palmeira foi desmembrada de Cruz Alta, por Ata Governamental. Em 07 de abril, do ano de 1875, por determinação do governo provincial, instalou-se a comuna em Palmeira das Missões, sendo o seu Primeiro Intendente, Serafim de Moura Reis, o qual governou até 1883;
Em 1890, com a vinda de diversos colonos italianos e alemães, iniciou-se a primeira colonização italiana e alemã nas terras de Palmeira das Missões.
Além da ligação forte com a agricultura e com a pecuária de um modo geral, Palmeira ainda teve sua trajetória marcada por fatos que denotam o seu envolvimento em revoluções e constroem também os rumos que nos conduziram até nossa atual situação.
Talvez isto fique consoante com o fato de que muitos dos pioneiros de nossa terra eram militares, como passamos a relatar de forma breve.
Em 1824, nos vastos campos e matos da região já moravam diversos habitantes, dos quais se destacava, o tenente-coronel Joaquim Thomas da Silva Prado, membro de ilustrada família paulista, trazendo em sua companhia, esposa, filhos e mais de cem escravos.
Além do tenente-coronel Silva Prado habitavam estas paragens o major Antonio de Novais Coutinho, tenente-coronel Joaquim José de Oliveira, Francisco Lemos de Oliveira, João de Souza Bueno, Major Feliciano Rodrigues da Silva, Máximo Vieira Gonçalves, Antônio Ribeiro Martins, Victor Antônio da Cruz, Alexander Luiz da Silva e Antônio Demétrio Machado.
O primeiro que abriu passagens através das densas matas foi o rico tropeiro paulista João de Barros, que atravessou o território deserto, habitado naquele tempo por indígenas em estado selvagem.
João de Barros transportava uma tropa de bestas, que levava para negociar em São Paulo adquirida na fronteira do Estado. Na época existia uma única estrada, ligando o Estado de São Paulo ao Sul, pois ela passava por Viamão, Santo Antônio e Lajes, no vizinho Estado de Santa Catarina.
Em 1828 a povoação começou a apresentar os primeiros sinais de progresso, que vieram a concretizar-se, de maneira real, nos dias atuais.
Em 1850 foi iniciada a construção da capela de Santo Antônio, cuja licença para edificação tinha sido concedida antes da Revolução Farroupilha de 1835, mas foi suspensa devido a situação política anômala que atravessava a província. Quem doou o terreno para a edificação da capela que constituiria a futura freguesia foi o morador Francisco Pinheiro da Silva, em 1848.
A oferta do terreno foi feita em homenagem a Santo Antônio.
O Major Antônio Novais Coutinho tomou o encargo de construir a capela de Santo Antônio no lugar denominado Vilinha. A memória desse militar é reverenciada hoje, no município, através de uma das principais vias públicas que possui seu nome.
Após a emancipação, o primeiro Presidente da Câmara foi Serafim De Moura Reis. O Vigário da capela foi Pe. Domingos José Lopes, que se radicara, no município, a partir de 1860.
Durante a revolução de 1923, diversos combates travaram-se no território da comuna.
Em 26 de Janeiro de 1923 as tropas rebeldes de coronel Leonel Rocha sitiam a cidade e ao se afastarem encontram-se com os legalistas de Jaime Borges, travando-se, na ocasião uma escaramuça.
Em 1º de fevereiro, o rebelde João Feijó, derrota no rio da Várzea, Antônio Tormes, que pereceu neste combate.
Em 04 de fevereiro, o coronel Leonel Rocha, cerca com suas tropas, as que vinham em sua perseguição, sob o comando do coronel Bráulio Oliveira.
Em 06 de fevereiro, vindo em socorro das forças do coronel Bráulio Oliveira, chega à região o gal. Fermino de Paula, que afasta os sitiantes, entrando a seguir na sede.
Em 05 e 07 de fevereiro, o coronel Valzumiro Dutra, pertencente a facção legal, trava combate em Passo Fundo, no boqueirão da Fortaleza, com o rebelde, coronel Serafim de Moura Assis.
Em 24 de fevereiro, as tropas legalistas, sob o comando de Valzumiro Dutra, enfrentam em Serrinha e Erval Seco as tropas rebeldes, morrendo em conseqüência deste combate os rebeldes Gastão Stadles e Francisco Correa de Moura.
Em 15 de março, o capitão das forças legalistas, José Antônio da Cruz, é morto em combate, em Campo Santo.
Em 24 e 26 de março, travam-se combates, sendo que em Jaboticaba morre Rufino Feijó, chefe Legalista.
Em 29,30 e 31 de março, novos combates travam-se em Palmeira, Boi Preto e Pami.
Em 4 de junho, nova tentativa é feita para tomar o local, mas sem resultado.
Terminada a revolução, o município de Palmeira das Missões, como os demais do Estado, entrou na senda do progresso.
Originou-se o nome de Palmeira das Missões, dos seguintes fatos: antes da criação da comuna, existia no local onde hoje se encontra praça Paulo Ardenghi (da Vila Velha) uma grande Palmeira, onde sesteavam os viajantes.
Em vista disso começaram a chamar de Palmeira à incipiente povoação, topônimo que pertence até nossos dias.
Revolução Federalista de 1893 - A Degola do Boi Preto
Mozart Pereira Soares
Mozart Pereira Soares
Entre os episódios ocorridos no antigo município de Palmeira das Missões durante a Revolução Federalista de 1893, tem particular interesse o morticínio do Distrito de Boi Preto, um dos maiores da luta que, só encontra paralelo no genocídio da Mangueira de Pedra (Rio Negro, Bagé), que o precedeu e, segundo voz corrente, foi ainda maior. Afirma-se que naquela cidade da Fronteira Sul, os sacrificados por Adão de La Torre (e outros) somaram 410, enquanto na hecatombe serrana , conforme telegrama do comandante do massacre Firmino de Paula ao Presidente Júlio de Castilhos, atingiram 370.
Minha Intenção ao divulgar o conhecimento é divulgar fatos pouco difundidos, testemunhados por alguns membros de minha própria família, dos quais ouvi, em criança, freqüentes relatos. Entre eles meu avô pateerno, naquela hora Tenente do corpo militar de Firmino, mais os dos seus dois cunhados, companheiros de farda., José Fidêncio e Mititão Rodrigues. As narrativas deles coincidem com o depoimento que grave, na entrevista com o Coronel da Brigada Miliatr do Estado José Rodrigues, às véspera do centenário de Palmeira das Missões.
Penso também justificarem-se algumas considerações sobre as degolas que não foram exclusivas de nenhum dos bandos em luta naquela hora sangrenta, mas, procedimento de ambos, com igual crueldade , se quisermos.
Naquele instante afigura-se-nos que as atitudes dos contendores obedeciam a Lei do Ódio, (diretamente proporcional à semelhança dos antagonistas: ambos perseguiam o mesmo alvo, a posse do Poder). Ao contrário , saber-se que na Revolução Farroupilha, não houve praticamente degolas, o mesmo ocorrendo com a de 1923.
O assunto comporta variadas indagações que, obviamente, aqui não se pode, desenvolver. Mas fica estas reflexões:
Que fazer, nessa Sociedade primitiva, meio carniceira desses tempos, com prisioneiros de guerra, às
vezes quase tão numerosos como os próprios aprisionadores?
Desarmá-los e libertá-los?
Este primeiro resultado é facilmente previsível: eles se rearmariam e voltariam.
Mantê-los escravizados?
Que fazer, nessa Sociedade primitiva, meio carniceira desses tempos, com prisioneiros de guerra, às
vezes quase tão numerosos como os próprios aprisionadores?
Desarmá-los e libertá-los?
Este primeiro resultado é facilmente previsível: eles se rearmariam e voltariam.
Mantê-los escravizados?
É claro nessa condição estaríamos reproduzindo o último estágio social do prisioneiro de guerra conservado. Ou seja, transformando em servo. Isto, no entanto, só seria viável numa situação de anormalidade e não numa situação anômala. Outra conseqüência negativa para um contigente em luta armada: seria anular-se a eficácia contendora da corporação, convertida em vigilante e não beligerante. Ademais, outro sérios problema para entes humanos: como alimenta-los, se mal têm os vencedores para eles próprios?
Vê-se que a solução compulsória é a eliminação pura e simples do inimigo, exatamente como fizeram as duas hostes aqui em confronto. A diferença, no caso, seria de estilo de tratamento, mais ou menos tolerante mais ou menos rancoroso
Fonte: Aurelio Moraes
Foto: Aurelio Moraes
Postado por:Elisete Bohrer
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