Sarandi - Recomendações para a viticultura são destaque em Tarde de Campo

Inserida na programação da Semana da Agricultura Familiar, organizada pela Emater/RS-Ascar em parceria com o Sindicato da Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) e as prefeituras de Sarandi, Nova Boa Vista e Barra Funda, ontem (21/07) a propriedade do agricultor Valdomiro Sartori, na Linha Pinhalzinho, em Sarandi, recebeu produtores dos municípios vizinhos para a Tarde de Campo sobre viticultura. Os pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves apresentaram novas recomendações para o cultivo da uva. 

A viticultura é muito presente em Sarandi e nos municípios da região. A partir de um diagnóstico realizado nas propriedades, que trabalham com o cultivo da uva, ficou evidente o enfraquecimento e a perda de parreiras por conta de algumas doenças comuns à cultura. Com base nisso, a Tarde de Campo foi planejada para minimizar os problemas enfrentados pelos produtores, trazendo soluções para o cultivo da uva. 

O pesquisador da Embrapa, Daniel Santos Grohs, explicou sobre o processo de implantação e renovação de parreiras, enxertia e material genético de boa qualidade. “Viticultura de qualidade começa com mudas de qualidade”, exclamou Daniel, salientando que a origem do material é de extrema importância. “A qualidade da muda é a única coisa que garante um parreiral saudável.” 

Para a aquisição de mudas alguns cuidados devem ser tomados, como escolher viveirista registrado junto ao Ministério da Agricultura, fazer a reserva da cultivar de interesse pelo menos seis meses antes do plantio e não aceitar mudas com necroses internas, pois são indicativas de contaminação por fungos. Segundo o especialista, a melhor época para visualizar sintomas de vírus em folhas é entre março e abril, portanto o produtor deve planejar, não apenas o plantio, mas também o período para compra das mudas. A Embrapa iniciou um programa de certificação de viveiristas para garantir a qualidade das mudas adquiridas pelos produtores. 

Aos produtores que preferirem produzir suas próprias mudas o pesquisador ensinou os passos necessários. Para tanto, é preciso enraizar as estacas em local onde não tenha sido cultivada videira nos últimos três anos. Além disso, é importante certificar-se que todas as plantas fornecedoras de estacas sejam da mesma cultivar. Nunca coletar estacas de plantas cuja origem e condição fitossanitárias são desconhecidas. Para os pesquisadores, é preferível adquirir porta-enxertos de qualidade já enraizados. Em média, o custo deste porta-enxerto corresponde a 6% do total gasto com a implantação do vinhedo. 

O pesquisador Marcos Botton, tratou sobre o controle de cochonilha e pérola da terra, invasores encontrados na maioria dos parreirais da região. Na propriedade da família Sartori, cerca de quatro hectares são destinados à plantação de videiras. “Parte do parreiral está morrendo, por conta desses invasores”, contou o jovem Michel Sartori, de 25 anos, que trabalha na propriedade da família. Através de mudas trazidas pela Embrapa e com o acompanhamento da Emater/RS-Ascar, a propriedade dos Sartori será um local de experimento para novas videiras. Em novembro, está sendo programada outra visita ao local para verificar os resultados obtidos com o trabalho desenvolvido nos parreirais. 

O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Luciano Schwerz, finalizou as explicações técnicas abordando o processo de produção de uva em ambiente protegido com sistema de irrigação. Estiveram presentes na Tarde de Campo o vice-prefeito de Sarandi, Volmir Grando, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Sarandi e região (Sintraf) e o gerente do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Leonir Bonavigo. 

Ainda na Semana da Agricultura Familiar, nesta quarta-feira (23/07), à tarde, acontecerá o Encontro de Diretorias de Clubes de Mães, no salão de eventos da Cotrisal, em Sarandi. Já na sexta-feira (25/07), a Linha São José Maneador, em Nova Boa Vista, receberá centenas de produtores para o III Encontro da Agricultura Familiar. Palestras sobre o desafio da produção de alimentos e de políticas públicas para a agricultura familiar fazem parte da programação. 

Texto e foto: Marcela Buzatto 

Heloise Santi

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